O diretor-geral da Organização
Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou hoje que há
ainda um "longo caminho pela frente" em relação à covid-19, afirmando
que só nas últimas 24 horas foram reportados 106 mil novos casos. "É o
maior número num único dia desde o início do surto. E quase dois terços
desses casos foram relatados em apenas quatro países", disse o
responsável numa coletiva de imprensa 'online', a partir da sede da
organização, em Genebra.
Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que a OMS está especialmente preocupada
com o aumento de casos em países de baixo ou médio rendimento,
salientando depois a importância de garantir que os sistemas de saúde
continuem a funcionar.
Na coletiva, o responsável destacou também que a covid-19, doença
provocada por um novo coronavírus, não é a única crise que o mundo
enfrenta, sendo outra a das alterações climáticas, dando como exemplo o
ciclone Amphan, "dos maiores das últimas décadas" e que está atingindo a
Índia e Bangladesh.
E numa perspectiva mais otimista disse que
uma das lições que trouxe a covid-19 foi a de que "a saúde não é um
custo, é um investimento".
Numa coletiva de imprensa sobre a covid-19 um dia depois do
final da Assembleia Mundial da Saúde, Adhanom se referiu ao evento,
"produtivo" e "de uma solidariedade sem precedentes", mas não à carta
que o Presidente dos Estados Unidos mandou também na terça-feira à OMS,
dando um prazo de 30 dias para haver "melhorias significativas" na
organização, caso contrário acaba definitivamente com a contribuição do
país para a OMS.
Questionado diversas vezes pelos jornalistas
sobre a carta o responsável máximo da OMS respondeu sempre o mesmo:
"Recebemos a carta e estamos analisando".
O diretor-geral também
foi pouco explícito sobre como suprir a lacuna caso os Estados Unidos
deixem de contribuir para a organização, dizendo que hoje a OMS já não
depende tanto das contribuições dos países. No entanto Michael Ryan,
diretor para a área das emergências, disse que essa contribuição ia
diretamente para programas emergenciais e a falta dela "terá uma
implicação negativa".
Sobre a investigação independente à resposta
da OMS à covid-19, decidida na Assembleia Mundial da Saúde, o
diretor-geral disse que ela será feita o mais rapidamente possível e
quando "as condições o permitirem".
E salientou depois que já foi feita uma avaliação independente que incide sobre os meses de janeiro a abril.
Na
coletiva, em respostas aos jornalistas, Michael Ryan também avisou que
medicamentos como cloroquina ou hidroxicloroquina não foram até agora
identificados como eficazes, e Maria Van Kerkhove, que dirige a resposta
à doença, disse que há atualmente mais de 120 vacinas sendo testadas,
algumas delas já em pessoas.
Desde que o novo coronavírus foi
detectado na China, em dezembro do ano passado, a pandemia da doença
covid-19 já provocou mais de 323 mil mortos e infectou quase 4,9 milhões
de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço da agência
de notícias France Presse (AFP).
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