Ex-aliados, o senador Flávio Bolsonaro e o governador fluminense
Wilson Witzel decidiram se engalfinhar em público. Todo brasileiro de
bem tem o dever cívico exigir que essa desavença seja levada às últimas
consequências.
Investigado por suspeita de corrupção, Witzel mirou no Zero Um após
receber a visita dos rapazes da Polícia Federal. Teve o computador e o
celular apreendidos. Declarou-se “perseguido”. E afirmou que Flávio é
que “já deveria estar preso.”
Varejado numa investigação sobre corrupção e lavagem de dinheiro,
Flávio reage: “Quando você fala que eu devia está preso, preso por quê?
Não fiz nada de errado. Como eu me arrependo de ter eu te elegido
governador aqui do Rio de Janeiro!”
O arranca-rabo já produziu uma novidade. Ao se apresentar no ringue
como um político limpinho, Flávio fez um inusitado elogio a Fabrício
Queiroz, o faz-tudo que administrava a folha salarial “rachadinha” do
seu gabinete.
“Onde eu ia você ficava ligando para o Queiroz”, disse o Zero Um para
Witzel. “Botava assessor para ligar para ele para saber onde eu estava.
(…) Sabia que o Queiroz estava do meu lado, trabalhando. Um cara
correto, trabalhador, dando sangue por aquilo que ele acredita.”
Colecionador de inimigos, Flávio elogia Queiroz num instante em que o
personagem retornou às manchetes pelas mãos do empresário Paulo
Marinho. Suplente de Flávio no Senado, Marinho diz que o primogênito do
presidente foi informado por um delegado da PF, em 2018, de que a conta
bancária de Queiroz estava exposta num relatório do Coaf.
Desde então, Flávio vinha mantendo com Queiroz uma política de
distanciamento social pré-pandemia. Já que redescobriu o valor do amigo
da família, o Zero Um talvez possa responder: Por que demitiu Queiroz do
seu gabinete em 15 de outubro de 2018? Por que seu pai, às voltas com a
disputa do segundo turno da eleição presidencial, exonerou na Câmara a
filha do Queiroz, Nathalia?
O mal de brigas como a de Flávio e Witzel é o pessoal que passa não
distinguir quem é quem. Daí a importância de assegurar as condições para
que a desavença seja levada às últimas consequências.
Em meio à atmosfera malcheirosa que infesta o eixo Rio-Brasília,
Flávio e Witzel têm de continuar tratando um ao outro como gambás. Não
se sabe, por ora, quem prevalecerá. Mas a plateia já percebeu que, em
brigas desse tipo, mesmo o hipotético vitorioso sai fedendo.
JOSIAS DE SOUZA
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