Um estudo sobre os efeitos da hidroxicloroquina no tratamento de
pessoas infectadas por Covid-19 mostra que a aplicação do medicamento
não mostrou nenhum tipo de benefício. Os resultados da pesquisa foram
divulgados nesta quarta-feira (3) pelo The New England Journal of Medicine, uma das principais revistas científicas de medicina no mundo.
Considerado o primeiro estudo controlado acerca da hidroxicloroquina,
a pesquisa mostra que o medicamento utilizado contra a malária não
impediu a infecção pela Covid-19. Realizado no Canadá e nos Estados
Unidos, o ensaio clínico contou com a participação de 821 pessoas,
incluindo profissionais de saúde e indivíduos expostos a cônjuges ou
familiares infectados pelo vírus.
Dentro de quatro dias após a exposição, os participantes – com faixa
etária entre 33 e 50 anos – foram escolhidos de modo aleatório para
receber o tratamento com a hidroxicloroquina ou um placebo. Após esse
processo, era necessário confirmar a infecção por Covid-19 em um
laboratório durante os próximos 14 dias.
O estudo constatou que não houve uma diferença relevante entre
aqueles que receberam o tratamento com placebo e os que utilizaram o
medicamento. Dos 414 participantes que usaram a hidroxicloroquina, 49
ficaram doentes (11,8%). No grupo do placebo, composto por 407 pessoas,
58 adoeceram (14,3%). Estatisticamente, a diferença entre as taxas não
foi significativa.
Em um editorial, a revista afirmou que a interrupção da disseminação
do vírus depende de uma série de fatores. "O SARS-CoV-2, vírus que causa
a Covid-19, gerou uma pandemia mundial. A interrupção de sua
disseminação depende de uma combinação de intervenções farmacológicas e
não farmacológicas. A prevenção inicial da doença inclui medidas como
distanciamento social, uso de máscaras faciais, higiene ambiental e
lavagem das mãos".
O The New England Journal of Medicine também disse que "alguns
pesquisadores promoveram cloroquina e hidroxicloroquina para o
tratamento e prevenção de doenças de várias doenças, incluindo a
Covid-19". Alguns estudos observacionais apontaram benefícios da
hidroxicloroquina para o tratamento do novo coronavírus, enquanto outros
relatórios de tratamento descreveram resultados mistos".
A revista científica afirmou que os medicamentos utilizados para
prevenção e tratamento de doenças devem possuir um "excelente perfil de
segurança". No caso da hidroxicloroquina, no entanto, o risco de efeitos
colaterais, incluindo complicações cardíacas, fez com que a segurança
do remédio fosse questionada.
"Quando a hidroxicloroquina foi inicialmente promovida como uma
possível solução para a infecção pelo novo coronavírus, a segurança do
medicamento precisou ser reforçada. Porém, em um exame mais minucioso, o
potencial de efeitos colaterais cardíacos e resultados adversos gerais
foram destacados, especialmente em pessoas com comorbidades, fator que
aumenta o risco da doença", escreveu.
CNN
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