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Oito em cada dez pacientes que tiveram diagnóstico confirmado de coronavírus no Brasil se recuperaram da doença, o que coloca o país com um desempenho acima da taxa média mundial, que é de pouco mais de seis em cada dez pessoas superando o quadro de infecção (64%), segundo dados da universidade americana de medicina Johns Hopkins.
De acordo com a instituição, que monitora o quadro da Covid-19 em todo o mundo e cujos números são uma referência para os países, o Brasil tem 2.699.080 pacientes recuperados de um total de 3.359.570 contaminados (80%) – o número do Ministério da Saúde é um pouco diferente, com 2.554.159 recuperados para 3.407.354 infectados, o que dá um percentual de 75%.
Em escala global, o Brasil é seguido, em números absolutos de recuperados, pela Índia (1.977.779) e pelos Estados Unidos (1.865.580). Em todo o planeta, 13.943.312 pessoas superaram a doença.
Desde que o general Eduardo Pazuello assumiu como interino o cargo de ministro da Saúde, em maio deste ano, a pasta – com o apoio de outros órgãos do governo Jair Bolsonaro, como a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) – passou a divulgar em seus boletins diários o número de pacientes que classifica como “curados”, em uma tentativa de diminuir o que consideram uma cobertura negativa da imprensa, com demasiada ênfase no total de mortos.
De acordo com o Ministério da Saúde, os “curados” são calculados a partir do registro de casos e óbitos que tiveram confirmação por Covid-19 e também os pacientes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), terminologia usada para classificar pacientes que desenvolvem sintomas da doença, mas não têm a confirmação por testes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda como critério para classificar como recuperado o paciente que teve dois resultados negativos para o coronavírus com menos de um dia de intervalo ou, em casos leves, período após 14 dias da confirmação da infecção, O próprio ministério reconhece a escassez de testes no país para cumprir esses parâmetros, por isso, desenvolveu esse cálculo para identificar e isolar os casos novos dos que estão em recuperação ou estão em fase de remissão da doença.
Para os especialistas, é prematuro usar a expressão “curados” porque muitos pacientes apresentam sequelas da doença. “Não há uma publicação oficial que defina o critério de cura no Brasil. Considerar apenas a alta médica é insuficiente”, diz o infectologista Bruno Scarpellini. “Há relatos de recuperados que tiveram alteração de memória, dor de cabeça crônica, cansaço e diabetes. Será que podemos dizer que estão curados?”, diz.
“A palavra cura ainda é precipitada por se tratar de uma doença nova, que pode apresentar características clínicas e laboratoriais tardias. Como estamos aprendendo com a doença, não dá para bater o martelo sobre o que significa a cura de fato”, diz a médica Melissa Pardini, especialista em vigilância em saúde.
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