terça-feira, 27 de dezembro de 2022

RN vai dobrar produção de energia eólica até 2026

 Foto FDamião

Na última terça-feira (20), o Governo do Estado entregou para a sociedade o novo Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte. A ferramenta traz um compilado de informações técnicas sobre o setor e que pode alavancar os investimentos em energias renováveis no RN. Com um grande potencial, o Rio Grande do Norte é hoje o maior produtor de energia eólica do Brasil, com potência fiscalizada, ou seja, em operação, de 6,85 gigawatts (gW), o que corresponde a 29,2% de toda a produção brasileira.

A disponibilização de uma ferramenta como o Atlas Eólico e Solar do RN é louvada pelas maiores autoridades do setor, como Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), que espera a chegada de mais investimentos graças a esse trabalho.

“É fundamental fazer esse estudo e apresentar para os investidores, porque o recurso natural já existe. Então, para o Estado fazer, falta muito pouco. Só que esse pouco é muito importante que é justamente fazer os estudos confiáveis mostrando o potencial de energias renováveis”, diz Elbia Gannoum que completa: “O Nordeste é uma região muito rica em recursos naturais e atrai muitos investimentos, mas pro investidor chegar e fazer seu investimento, ele precisa ter informação, ele precisa ter dados que possa confiar e investir. Então, é fundamental que o estado faça isso, que atualize sempre seus estudos, porque as tecnologias vão evoluindo e isso é muito importante para atrair investimentos”.

Desde 2013, o RN se tornou autossuficiente na produção de energia elétrica. Hoje, o Estado é responsável por exportar parte da força advinda dos ventos potiguares. “Hoje o estado exporta energia para o sistema elétrico Nacional. Nós contribuímos e deixamos de ser a ponta que só consumia e agora nós exportamos muito mais do que consumimos dentro do Estado”, diz Hugo Fonseca, coordenador de Desenvolvimento Energético da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (SEDEC).

Desde os primórdios da produção de energia limpa no Rio Grande do Norte até hoje, o potencial só cresce e o setor se desenvolve cada vez mais. Em 2003, a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) foi pioneira no mapeamento de áreas com potencial produtor no estado. De acordo com os estudos que levaram ao novo Atlas, desenvolvido pelo Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), o potencial encontrado hoje equivale ao dobro do que foi projetado há quase 20 anos.

O que vamos ver dobrar também em alguns anos é a capacidade instalada de energia eólica no Estado. Atualmente em 6,8 GW, a expectativa é que passe dos 12 GW em breve. “Hoje o estado do Rio Grande do Norte tem 6,8 GW de potência instalada, certo, mas temos mais, e em um total, nós vamos chegar ao final de 2026 com o total de 12 GW”, diz Hugo Fonseca.

Esse número é reflexo do que já temos instalado hoje no estado somado ao que já está contratado e em processo de instalação. De acordo com dados obtidos pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), o RN tem 5,5 GW de potência outorgada, ou seja, autorizada e que pode já estar em construção ou nos trâmites anteriores às obras. Se levarmos em consideração, além dos empreendimentos em implantação e desenvolvimento, os que estão em fase de licenciamento, a capacidade de produção sobe para 7,2 GW.

A produção eólica atual é alcançada com um total de 2.325 aerogeradores divididos em 226 parques operando em 40 municípios potiguares. Hoje existem outros 150 parques sendo construídos no RN, e são eles que puxarão a produção do estado para cima dos dois dígitos de GW.

A cidade com o maior número de parques instalados atualmente é Serra do Mel, com 39, seguida por Lajes que tem 33. Ao final das obras em andamento hoje, a cidade do Pico do Cabugi assumirá o posto de primeiro lugar. São mais 32 parques em desenvolvimento no município, o que levará ao total de 65 parques, contra 42 de Serra do Mel que está recebendo outros três empreendimentos.

Fonte de energia e de empregos

Os bons ventos não trazem apenas energia limpa para o Rio Grande do Norte. O setor é responsável pela geração de dezenas de milhares de postos de trabalho desde o início das atividades em nosso estado. “Em termos de empregos foram gerados, desde o ciclo inicial, de 2009 para cá, mais de 40 mil empregos dentro do setor como um todo. Isso na fase só de implantação, que é quando tem um maior número de empregos. Na fase de operação, onde você paga mais, onde tem maior qualificação, atualmente são mais de 4 mil empregos gerados dentro do setor aqui dentro do estado do Rio Grande do Norte”, diz o coordenador de Desenvolvimento Energético da SEDEC.

Hugo Fonseca conta ainda que o nosso estado é referência na mão de obra qualificada para o setor. “Nós exportamos mão de obra. Os profissionais que são formados aqui, que atuam no setor eólico, eles atuam também em outros estados”, diz Hugo Fonseca que completa apontando para a expectativa de que o número de postos de trabalho praticamente dobre até 2026.

Produção fotovoltaica pode superar a eólica no RN

Não é só com a eólica que o Rio Grande do Norte produz energia limpa. Outra fonte cada vez mais comum de se ver no estado é a fotovoltaica, ou solar. Atualmente, o nosso estado produz cerca de 0,36 GW de energia advinda radiação solar, no entanto, um número muito grande de empreendimento está sendo implementado. Estão em construção 157 parques solares no RN, que juntos têm potência outorgada de 6,94 GW.

Se levarmos em consideração que a eólica sairá de 6,8 para pouco mais de 12 GW, o que corresponde a um aumento em torno de 80%, e a fotovoltaica sairá de 0,36 para 6,94 GW, correspondendo a um aumento de 1.827%, podemos esperar que em breve a maior fonte de energia renovável do RN seja a solar, que nos próximos anos vai aumentar em mais de 18 vezes a sua produção.

Essa previsão também é apontada pelo especialista em energias renováveis da SEDEC. “Acho uma possibilidade sim – da solar superar a eólica. Na verdade, os projetos fotovoltaicos estão bastante fortes em desenvolvimento no Estado do Rio Grande do Norte. Hoje quase 50% dos projetos de desenvolvimento já são de solar e fotovoltaica, e isso mostra que a fonte ela está competitiva nos próximos cenários”, garante Fonseca.

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