Por: Alex Viana
Nos últimos dias, declarações de lideranças políticas potiguares
apontaram para a uma quase definição do cenário eleitoral de 2014. Na
última sexta-feira, o presidente do PMDB, deputado Henrique Eduardo
Alves, declarou que só irá se posicionar para as próximas eleições no
ano que vem. A posição do líder peemedebista foi reforçada no dia
seguinte, pelo ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB).
Ambas as declarações reforçaram a tese de manutenção da aliança entre
o PMDB e o DEM, na medida em que enfraqueceram a possibilidade de
rompimento entre as duas legendas, como aguardado por setores da
oposição, a exemplo do que é liderado pela deputada federal Fátima
Bezerra (PT), pré-candidata ao Senado.
Fátima tem criticado a aliança entre o PMDB e o DEM no Rio Grande do
Norte na esperança de repetição, no Estado, da aliança entre petistas e
peemedebistas, como ocorre nacionalmente. Em tese, a aliança entre o PT e
o PMDB resultaria numa chapa em que o PMDB lançaria candidato a
governador e o PT, ao Senado.
As declarações de Henrique e Garibaldi também guardaram sintonia com
as recentes declarações da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) que, pela
primeira vez, estipulou, em entrevista recente a uma emissora de rádio,
repercutida em O Jornal de Hoje, prazo para falar sobre a sua sucessão:
após a Copa do Mundo de 2014, em junho do ano que vem. Em tese isso
significa que só nas convenções partidárias Rosalba definirá se será
candidata à reeleição ou não.
Porém, a governadora já teria se decidido pela tentativa de
reeleição, mesmo enfrentando um quadro desfavorável hoje segundo as
pesquisas. Entre as estratégias do governo para tentar viabilizar a
reeleição de Rosalba estaria, inclusive, uma aproximação entre Rosalba e
a presidente da República, Dilma Rousseff, promovida pelo presidente da
Câmara, Henrique Alves.
Para aproximar Rosalba de Dilma, Henrique estaria utilizado de
estratégias como declarações da governadora em jornais, afirmando que
admira o governo “republicano” da presidente Dilma Rousseff, além de
críticas da democrata ao próprio partido – o DEM – juntamente com e a
disseminação de informações que dariam conta de que o presidente
nacional do DEM, senador José Agripino Maia, estaria furioso com as
declarações de Rosalba.
Nota veiculada na coluna Notas e Comentários da Tribuna do Norte,
neste final de semana, informa que Agripino estaria “irritado” com o
noticiário de Rosalba pró-Dilma. Sob o título “Irritação no DEM”, o
texto, veiculado no jornal de propriedade de Henrique Alves, informa:
“Quem esteve recentemente com o senador José Agripino, presidente
nacional e estadual do DEM, constatou que é visível a irritação com o
noticiário sobre uma possível saída da governadora Rosalba Ciarlini do
partido. Também estaria nitidamente insatisfeito com a iniciativa do
deputado federal Betinho Rosado de pedir, à Justiça Eleitoral,
reconhecimento de justa causa para deixar a legenda”.
Agripino, porém, esteve com Henrique e Rosalba neste domingo e, pelas fotos que ilustram esta matéria, não aparentava irritação.
ATAQUES
A governadora Rosalba Ciarlini, por seu vez, mudou o comportamento,
deixando de ser alvo de pancadas para, pela primeira vez, atacar,
diretamente, embora sem citar nomes, a oposição. “Os adversários estão
muito mais preocupados do que nós aqui na base. Acho que é porque eles
estão desocupados, não têm o que fazer, não têm ação para mostrar”,
declarou.
Questionada sobre a quem dirigia as declarações, a governadora evitou
falar em nomes, mas foi firme no comentário: “Não estão preocupados,
falta espírito público de ajudar, realmente, ao Estado. Tem gente que
não possui espírito público, não está pensando grande no Rio Grande do
Norte e só pensa nas suas questões pessoais”, disse Rosalba.
OPOSIÇÃO
Procurados esta manhã para se pronunciar, os líderes oposicionistas
preferiram silenciar. A deputada federal Fátima Bezerra (PT) não atendeu
nem retornou às ligações. A ex-governadora e atual vice-prefeita de
Natal, Wilma de Faria (PSB), também preferiu o silêncio. O
vice-governador Robinson Faria, presidente do PSD, não foi localizado
pela reportagem. O único que falou foi o deputado estadual Fernando
Mineiro (PT).
Na avaliação do deputado do PT, a aliança entre o PMDB e DEM para as
eleições 2014 no Rio Grande do Norte não são nenhuma surpresa. Por isso,
ele não se surpreendeu com as declarações de Henrique e Garibaldi,
apontando a definição do PMDB apenas em 2014. “Sou daqueles que não tem
nenhuma surpresa com esta declaração. Porque o PMDB faz parte do projeto
do governo Rosalba, é corresponsável pelo governo”, declara.
Diferente de Fátima, Mineiro defende que a oposição não espere pelo
PMDB, mas, antes, defina um projeto político administrativo para o
Estado e, em seguida, forme seu palanque para 2014. “Eu sou defensor de
que se construa um projeto alternativo à situação para o ano que vem. O
que não quer dizer que tem que se definir nomes agora. Temos que
discutir com a sociedade, com os trabalhadores, com os empresários, que
são os interessados, qual o projeto que nós queremos para o
desenvolvimento, modernização e democratização do Estado”, disse,
informando que o PT está fazendo a sua parte, tendo se reunido nos
últimos dias em Mossoró e já com encontro agendado para Caicó.
“Temos que trabalhar. O PT começou a trabalhar em todo o estado,
fizemos em Mossoró. Porque a situação está com o bloco deles forte e
trabalhando. Estão muito unidos. O principal é o projeto que queremos
para o Estado e que cada partido irá discutir qual melhor. Defendo que o
caminho é ter chapa de oposição ao situacionismo. Mas é construção, não
é por decreto. Vamos construir. Nós temos que buscar, mas temos que
dialogar com a sociedade para dizer o que a gente quer”, acrescentou.
Até o final do ano, segundo Mineiro, cada partido fará seus debates,
suas discussões, visando construir seus projetos para o Estado. “Acho
equivocado ficar esperando para começar um debate sobre alternativas. Se
lá na frente outros partidos irão se somar neste caminho, ótimo. Vamos
trabalhar”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário