quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Empresa ainda pensa em acordo para obra paralisada do “Hotel da BRA”


Obras do hotel estão paralisadas desde 2006. Grupo já havia investido mais de R$ 50 milhões. Foto: Heracles Dantas
Obras do hotel estão paralisadas desde 2006. Grupo já havia investido mais de R$ 50 milhões. Foto: Heracles DantasMesmo depois do fracasso em reiteradas tentativas de negociação desde janeiro e de optar por uma solução do problema na esfera da Justiça Federal, o grupo investidor NATHWF Empreendimentos, proprietária do que é mais conhecido como “Hotel da BRA”, na Via Costeira, emitiu um curioso sinal de que deseja voltar atrás.
Uma reunião está agendada para esta quarta-feira às 18 horas na sede da empresa em São Paulo entre o secretário municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerril, o empresário Humberto Folegatti, ex-dono da BRA e controlador da NATHWF, e seu representante legal, o advogado Walter Solegati.
Fernando Bezerril, que está na capital paulista participando da ABAV 2013 – Feira de Turismo das Américas -, foi convidado para o encontro por um representante das empresas de Folegatti em Natal na semana passada e imediatamente consultou o prefeito. Hoje, por telefone, ele explicou que a empresa dona do empreendimento concordou em eliminar o andar que desrespeitava o gabarito estabelecido pelo Plano Diretor desde que se preservasse a recepção do hotel sem a qual seria impossível manter o Centro de Convenções contido no projeto inicial para abrigar 2,5 mil pessoas.
Inicialmente, Carlos Eduardo ficou reticente com o encontro solicitado por Folegatti, mas depois ele aquiesceu para entender melhor as razões do empresário de iniciar uma conversa dessa natureza depois de tantas iniciativas anteriores de acordo.
Consumada a reunião desta quarta-feira com Bezerril, será uma das raras vezes em que o ex-dono da BRA participará pessoalmente de uma tentativa de solução para o imbróglio. “Antes, ou eram engenheiros ou advogados intermediando as conversas”, lembrou o secretário.
Hoje, o titular de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Marcelo Toscano, disse que o impasse envolvendo o destino do hotel na Via Costeira “já está judicializado por uma decisão dos próprios empreendedores”.
Embora tenha sido informado do encontro com Felegatti em São Paulo, Toscano explicou não ter conhecimento oficial de uma proposta de acordo da empresa. “Imagino que agora eles tenham que formalizar uma tentativa de acordo com escrito diretamente para a Justiça Federal”, ele acredita.
Para Toscano, ao desrespeitar o que determina o Plano Diretor da cidade, o projeto do hotel  corria o risco de abrir um imenso precedente para que outros empreendimentos passassem por cima do Plano Diretor para a Via Costeira.
Segundo o secretário Fernando Bezerril, a empresa está disposta a fazer todas as alterações necessárias desde que elas preservem a recepção que mantém íntegro no projeto o centro de convenções do hotel. Mas segundo Marcelo Toscano, da Semurb, há outras adequações a serem feitas além da demolição do último pavimento. “Vamos esperar para ver o que acontece”, aconselha.
Novela interminável

As obras do “Hotel da BRA” estão paralisadas desde 2006, deixando ali um esqueleto de concreto com as visíveis marcas do abandono. Na época em que os operários abandonaram o canteiro, o grupo já havia empatado ali mais de R$ 50 milhões.
Em novembro do ano passado, a Justiça Federal concedeu um prazo de 90 dias para o grupo NATHWF retomasse o diálogo com a União, o Ministério Público Federal, o município de Natal e o Ibama, e fechasse um acordo para garantir a conclusão da obra.
A construção foi inicialmente embargada pela Semurb, mas continuou por força de uma liminar judicial. Isso levou a Procuradoria da República a entrar com uma ação civil pública, exigindo a paralisação da obra.

Em 2007, a Procuradoria enviou uma petição à Justiça Federal, exigindo a demolição do pavimento considerado irregular, mas a empresa novamente recorreu e ganhou. Em 2008, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região concedeu liminar autorizando a retomada da construção, mas a Procuradoria-Geral do Município se opôs, sob a alegação de que a decisão suspendia a demolição dos pavimentos, não o embargo.
Aos 60 anos, o físico Humberto Felegatti cravou seu nome nas páginas de economia ao inventar a BRA, que chegou a atingir  6% de participação no mercado aéreo nacional, tornando-se a quarta maior empresa do setor, atrás de TAM, Gol e da extinta Varig.
O interlocutor na reunião de hoje com Fernando Bezerril já disse na imprensa que seu Quoficiente  de Inteligência (QI) é 173. Para se ter uma idéia, 126 é considerada uma marca excepcional. Bill Gates, fundador da Microsoft, tem QI 160.

Cidadão Honorário de Natal, título concedido depois do embargado do seu hotel na Via Costeira, Folegatti, porém, não teve sorte com os advogados que designou para cuidar do impasse com a Prefeitura. A inabilidade que eles tiveram para lidar com o começo da crise, em 2006, foi considerada fundamental para agravar o problema.

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