Piloto Traversi, morto em acidente, Reprodução/Facebook
Um delegado da Polícia Civil foi à delegacia registrar um boletim de
ocorrência contra o médico legista responsável pelo exame necroscópico
do piloto Antônio Carlos Traversi, morto no acidente de avião no Campo de Marte (zona norte de São Paulo), na noite do último domingo (29).
De acordo com as informações registradas no 13º DP (Casa Verde), o
delegado responsável pela apuração do caso foi até a sala de exame, se
apresentou como delegado e pediu para acompanhar o procedimento.
O médico legista teria começado a fazer uma série de questionamentos, para que o delegado desistisse de acompanhar o exame.
Segundo o delegado, depois de responder diversas vezes que estava
acostumado acompanhar aquele tipo de exame e queria ver o procedimento, o
legista teria mudado o tom de fala e dito que não queria que o delegado
acompanhasse o processo.
O delegado teria dito que, por ser o responsável pela investigação do caso,
tinha o direito de acompanhar o exame. O legista, segundo o policial,
retrucou dizendo que era o médico que mandava no local e que o delegado
não poderia acompanhar o procedimento.
Segundo Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, o delegado é o presidente da
investigação e tudo que acontece na apuração deve estar sob o controle
dele, portanto, o médico legista é subordinado. No entanto, o professor
destaca que "faltou bom senso" entre as duas partes para que fosse feito
o melhor para apuração do fato.
De acordo com o registro na DP, com base no depoimento do delegado, a
Corregedoria da Polícia foi acionada e informada sobre o caso. O
delegado disse que o médico legista estava desrespeitando a hierarquia.
Procurada pela reportagem, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo) disse que “não procede a informação de
desentendimento entre o delegado que atendeu o caso e o médico legista, o
que aconteceu foi uma divergência de opiniões”.
A pasta ainda afirmou que uma cópia do boletim de ocorrência foi
encaminhada para Corregedoria da Polícia Civil, que deve apurar a
conduta do delegado e do médico legista. A SSP ainda disse que, apesar
do caso, não houve demora para a liberação do corpo do piloto.
“A equipe de perícia liberou o local às 21h50, o corpo da vítima chegou
ao IML Central às 23h e liberado para família às 3h da madrugada, desta
segunda-feira (31)”, disse a secretaria.
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